Aqui no meu bairro tem dois moradores de rua que são irmãos de sangue e dormem há 2 meses na porta da antiga igreja "Menino Deus" do Jd Vl Formosa aqui de São Paulo.
Minha prima Fabizinha, do centro "Caminho da Luz", veio trazer para o "Projeto Aruanda" maravilhosos panetones que sobraram da ONG onde frequenta para enviarmos aos irmãos necessitados que tenho contato. Lógico que encaminhei a
esses dois rapazes que venho comentar.
Aproveitando o meu primeiro contato, faço perguntas aos dois irmãos que comiam os panetones velozmente sobre família, trabalho, de onde vieram, o que procuram, documentos, se querem trabalhar etc. Eles respondem com um coração metade honesto e metade medo.
Descubro neles mais uma fraqueza que todos nós temos, o resgate familiar.
Mesmo com familiares por perto, pessoas preferem morar nas ruas para poder lidar melhor com a vivência obrigatória de seu resgate familiar.
São traumas, ressentimentos e sentimentos a flor da pele que o coração e mente fraquejam diante das provas. Cada um no seu grau evolutivo, mas todos passam por isso.
Vem em minha mente projetos que posso fazer para levá-los ao trabalho. Falando no plural mas pensando somente nesses dois rapazes irmãos. Como um diarista, talvez. Eles podiam trabalhar em lavouras, sítios, chácaras que tenho tido contato ultimamente, carpir, plantar, ENSINAR a lidar com o mundo novamente sem forçar nada sobre religião, mas a artimanha de ensiná-lo a ter disciplina, trabalho, respeito o coração volte a obter a brisa do amor.
- Bom, preciso amadurecer as idéias, que quanto mais pensamos em ajudar, algo favorece um caminho para nossa mente guie a esses passos.
- Quem sabe eu possa ajudá-los!?!
Tentei alguns contatos, mas a desconfiança e preconceito com pessoas que chegaram a esse estado da vida são grandes, até para mim mesmo.
- Como poderei colocar uma pessoa que não conheço dentro de nosso sítio que mora minha mãe e minha vó sem eu estar lá protegendo-as?
- Como confiar em um desconhecido, se ele pode agredir meus entes queridos.
- Como confiar em você, Pai Maior, se a Terra nos dá medo de acreditar em humanos?
Não é minha fé que está em jogo. É o tabuleiro que tenho jogado nessa vida.
Amos meus Orixás, meus santos e guias, meus protetores e meus guardiões sem mesmo conhecê-los.
É deles que vem minha força, tudo dentro de nós mesmos.
Viemos à Terra lidar com pessoas, com famílias, com sofrimento, não quero prejudicar a minha família. Eu quero abrir uma porta de luz, mas ao mesmo tempo deixo destrancada uma porta no escuro, não sei o que pode sair dela, nem eu mesmo sei o que tem lá.
De uma coisa eu tenho fé e acredito. Ninguém está desamparado.
Carregue seu axé no peito e confie em seu Deus.
Quem sabe num futuro próximo eu possa dar meu testemunho de uma pessoa que se levantou na vida por eu ter dado uma chance a ela.
Fé!
Ted
ResponderExcluirMuito louvavel a tentativa de amparar esses coitados, mas deve-se tomar o máximo de cuidado.
há um tempo, não muito longo, procuramos ajudar um rapaz que não tinha onde dormir. Inicialmente ele pediu para dormir na boleia do caminhão.
Foi cedido a ele um quartinho, dávamo-lhe comida e quando em quando um servicinho com um dinheiro extra para se manter.
Deixávamos, também, que fizesse pequenos serviços para terceiros, sem nada cobrar-lhe pelo uso do ferramental.e materiais.
Passado um certo tempo, o dito cujo entrou na justiça do trabalho - e ganhou a causa como se empregado fosse, com direito a todas as indenizações.
Deve-se pensar bem antes de ajudar!
Saravá
Valdir
Com certeza, Valdir. Melhor eu pesquisar com outras ONGs esse assunto. Seu comentário foi de grande valia.
ResponderExcluirabs
Concordo que possa ser um problema levá-los ao trabalho. Tudo pode acontecer e pra fazer o pior basta simplesmente estender as mãos.
ResponderExcluirNa verdade, Douglas, pra fazer o pior, o mal, basta não fazer o bem. Estender as mãos é muito bom, mas tem que se preparar para combater o pior. Algumas falhas nossas por falta de estudo ou experiência nos criam esses casos de aborrecimento.
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