quarta-feira, 13 de outubro de 2010

VOZ QUE NÃO FALA


        Eu sou a criança.
        Ando pelo mundo bastante incompreendida e também muito pouco compreendendo do que se passa em meu derredor.
        Muitos pais rejeitaram-me obstinadamente sob os mais variados pretextos.
        Evitam-me qual se eu lhes fosse um flagelo sobre a Terra.
        Chegam a temer-me ansiosamente.
        Outros, privados da minha presença, lamentam-se e deploram a minha falta, qual a flor buliçosa ausente do jardim.
        Muitos exploram a minha inocência, abusam de minha fragilidade e dilaceram as minhas esperanças.
        Outros me abandonam, quando mais necessito de carinho e de apoio.
        Há, felizmente, os nobres corações que se preocupam comigo.
        Que choram com o meu desamparo e choram a minha fome, estendendo-me os braços fraternais através da bolsa generosa.
        Jesus, eu Te peço, Senhor:
        Multiplicai esses corações que pulsam junto a mim, essas mãos que me afagam, essas mentes que me educam e retificam.
        Eu sou a criança.
        Falo a voz de todas as línguas e de todos os quadrantes do mundo. Choro o pranto dos órfãos, choro a tristeza dos viciados e suplico a misericórdia dos justos e a bondade dos felizes.
        Eu sou a criança.
        Minha voz fala em silêncio, dirigindo-se a todos os corações que já possam compreender.

Meimei

Livro:  Escultores de Almas
          Francisco Cândido Xavier, por Espíritos Diversos
            CEU – Cultura Espírita União


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